MATOSINHOS VIROU SAMBÓDROMO
Matosinhos virou Sambódromo por algumas horas
Todos os anos, nesta altura cai-nos em cima o Carnaval. Confesso que foi festa de que já gostei e em que participei, mas o exagero público em que se transformou para as crianças, me afasta completamente dessa área. Lembro-me de desfiles de carnaval realizados em locais determinados, fechados ao trânsito no domingo e no feriado da terça, para evitar complicações a quem precisava e queria trabalhar. Os disfarces na sua maioria eram preparados com coisas que houvesse em casa, salvo nas grandes festas particulares ou em hotéis. Na rua a canalha divertia-se com o que tivesse à mão. Apenas os mais endinheirados tinham disfarces preparados para o efeito pelas mães ou costureiras. Qualquer semelhança com a actualidade é pura coincidência.
Matosinhos não foge à regra e a sexta-feira que antecede o carnaval, cria a confusão cá no sítio. Certo que há uns anos era bem pior quando o corso atravessava a cidade. Pelo que vi hoje, as coisas estão menos confusas porque o “sambódromo” foi transferido para o jardim Basílio Teles, em frente à Câmara Municipal talvez para que as autoridades político-administrativas possam assistir à confraternização da pequenada & companhia de pais, professores e outros curiosos. Apesar desta mudança de local, estou certa, porque vi, que a Polícia Municipal e a PSP passaram a manhã a regular o trânsito que se não foi caótico foi pelo menos muito barulhento. É que a Câmara fica no centro cívico e é o maior nó rodoviário da cidade. Tem inúmeras passadeiras para peões, umas com semáforos e a maioria sem eles. Enquanto se processou o acesso dos grupos em direcção à Câmara e o regresso às respectivas escolas, houve que cortar o trânsito inúmeras vezes. O barulho de buzinas era audível numa boa parte da cidade. Nem a cantoria da criançada, quando existia, o diminuía. Quedei-me parada a apreciar um pouco da confusão estabelecida. Comecei por pensar na crise. Mas que crise? Onde estavam os trajes feitos por mãos caseiras habilidosas? Tudo quanto desfilava era novo, comprado na Chinatown cá do sítio ou em casas especializadas. Mas tudo feito a rigor, não fosse o companheiro de carteira ir melhor vestido do que o pequeno da casa! Entre os grupos destacava-se um de abelhas, em que as crianças apareciam metidas numa espécie de caixas, todas iguais (se bem que alguns já tivessem as asas no peito e perdido os capacetes e as antenas). E não era material dos china! Uma Princesa desfilava luxuosamente vestida mas calçando umas sapatilhas (de griffe) talvez por não haver chapins (sapatos) para a sua curta idade. Não vi caras felizes entre a miudagem. Apenas os pais se mostravam entusiasmados e tentavam filmar ou fotografar os rebentos, coisa difícil, porque estava tudo em movimento. Muitos choravam até, como no caso de uma menina a quem enfiaram um fato de enfermeira do tempo da 2ª Grande Guerra e a quem os pais gritavam: - cala-te ou levas na cara! Viva o entusiamo, a alegria e a utilidade desta encenação. Só falta agora a Ministra aparecer lado a lado com Sócrates a proclamarem nas TVs mais um sucesso deste objectivo de um qualquer novo plano curricular.~
Definitivamente isto não é um país. É um espaço carnavalesco
Post-scriptum : um louvor especial e a minha admiração total aos varredores da Câmara de Matosinhos que, num trabalho ímpar, rapidamente conseguiram fazer esquecer que o Parque Basílio Teles acabara de ser palco de uma batalha campal de confetti e rolos de papel.
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