quarta-feira, 28 de março de 2007

AINDA "OS GRANDES PORTUGUESES"

Felizmente não estou sozinha nas opiniões que aqui registei há dois dias. As conversas de rua e de amigos assim me têm demonstrado isso. Um comentário ao meu texto, que me foi enviado por GP, é o exemplo da posição de uma vasta faixa de portugueses que estão na base da escolha que foi feita. Mas, para encerrar este assunto, gostaria de realçar dois momentos do pós votação em que os defensores e pessoas presentes no estúdio foram chamados a dar a sua opinião sobre o resultado. Dentre todos vou referir-me aos depoimentos de dois homens com posições políticas opostas: Prof. Dr. Rosado Fernandes e Fernando Dacosta. O primeiro, homem de centro-direita, teve uma posição clara de simples constatação: isto foi assim porque o povo está descontente com o que tem e o que lhe estão a fazer. O segundo, da ala da esquerda, ousou de cara levantada e numa confissão pública e desassombrada assumir os falhanços dos sonhos da Revolução que pôs fim ao Estado Novo. À distância de mais de 30 anos creio que poderemos dizer que o 25 de Abril, como todos os sonhos, foi uma utopia. E nenhum governo se encontra com o país porque a utopia não foi ainda desfeita. É aqui mesmo que reside o perigo do aparecimento dos mitos que referi no texto anterior. Salazar arrisca-se a ser um deles. Mais um na história deste país com mais de 800 anos.

1 Comentários:

Às 28 de março de 2007 às 18:01 , Blogger CLEAL disse...

Isabel: De forma alguam pretendo ser eu a prolongar o assunto ou a entrar em polémica com qualquer pessoa. Quero apenas aproveitar-me do que foi escrito para discordar do "25 de Abril foi uma utopia". Na vida, cada homem e todos os homens carregam em si um manancial de utopia que pode prejudicá-los mas que é incitativo para viver com esperança. Depois da infindável noite do Estado Novo penso que se estaria mentalizado para aceitar o que viesse: deveria era ser diferente. Um regime ditatorial, uma guerra que todos sabíamos não ter solução militar, uma polícia política que a todos amedrontava eram coisas a mais. Havia necessidade de encontrar novos rumos. E não obstante as vicissitudes aludidas Portugal mudou muito. Ainda ontem no 1º Programa do Dr. António Barreto (não se trata de qualquer publicidade) foi feita referência a todo este período de mudança, ao soprar de novos ventos. As coisas nem sempre terão corrido bem mas haverá que colocá-las na balança - as passadas e as presentes - e ver para que lado se inclina o fiel.Pessoalmente sinto-me feliz por ter acontecido Abril. Sinto-me particularmente triste perante o resultado de um Programa plenamente discutível e que nos deveria envergonhar.

 

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