domingo, 13 de abril de 2008

Sabíamos do mar sem o sabermos

Sabíamos do mar sem o sabermos,
do mar dos mapas, da cor azul do mar,
dos naufrágios no mar,
do sol solto no mar.
Sabíamos do mar sem o sentirmos

nos poros dilatados pelo mar,
o verdejante mar escalando as montanhas
tão bruscas como o sal.
Sabíamos do mar em sinuosos sinos

assinalando a noite
com corações arrepiados,
abertos como mãos
sulcadas de cabelos e molhadas
de rugas e escamas.
Sabíamos do mar em signos, símbolos,

tropos e metáforas.

Sabíamos do mar?
Sabíamos o mar.
Sabíamos a mar


António Rebordão Navarro

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