A MINHA AUSÊNCIA
Na minha ausência forçada
Vivo de pequenas coisas
Que fazem com que o tempo
Seja mais leve e mais corrido:
Um pássaro que pousa no jardim,
O cão do lado que não se cala
Por causa da arara
Que lhe impuseram por companhia,
As gaivotas que sobrevoam a casa
Grasnando de fome e de raiva,
O ruído dos carros na rua,
As crianças que voltam das escolas…
São este pequenos nadas que enchem muito dos meus dias.
E depois há os amigos que me trazem flores
Ou simplesmente a eles próprios.
Conversam, rimo-nos e eles partem.
E eu permaneço
À espera que tudo volte ao normal:
Sair à rua e apaixonar-me por um livro,
Ir até ao mar para ver os namorados
Desfrutarem mais dos seus olhos
Do que do pôr-do-sol,
Ver as luzes da cidade acenderem-se
E as pessoas regressarem a casa
Depois de mais um dia
Igual a todos os outros.
A minha ausência tem um final anunciado.
Espero que ele chegue
Neste princípio de Outono
Para que o que sobra de sol ainda me aqueça
E a lua e as estrelas me iluminem o resto do caminho
GV
2 Comentários:
Gostei muito do poema. Parabéns.
ESte poema é a prova de que para fazer poesia não é preciso suar. O que precisamos é do "momento" de um certo estado de ânimo. Ele descreve a minha realidade deste meu longo período de ausência forçada e em que estou prisioneira na minha própria casa e daquilo que eu espero ter no momento de me libertar.
Beijo grande
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