domingo, 1 de maio de 2011

BEATO JOÃO PAULO II, O MEU PAPA DA LUZ


A minha ligação a João Paulo II começou no dia da sua eleição. Por fim depois de alguns séculos (creio que quatro) tínhamos um papa que não era italiano. E além disso vinha de um país da Cortina de Ferro. Isso marcou-me pela expectativa. Fui acompanhando a sua actuação e embora não tivesse concordado com tudo, sobretudo no que toca à não adaptação da Igreja às necessidades que os novos tempos impõem (proibição das novas técnicas anticoncepcionais, do uso do preservativo para evitar a Sida, do casamento dos padres…) rendi-me à sua capacidade de diálogo e de esforço pela paz entre as diversas igrejas e os diferentes países. Esse respeito acabou por ser reforçado por alguns factos da minha vida que me levaram a criar uma espécie de ligação pessoal com Ele.
Em 13 de Maio de 1981, quando saía de uma aula do curso de História da Faculdade de Letras do Porto, encontrei o que então era padre e professor naquela Faculdade e é hoje Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira. Fomos colegas de curso (quando fiz Filosofia) e ficámos amigos. Por isso sempre que nos encontrávamos ficávamos na conversa. Naquele dia o assunto caiu por mero acaso na pessoa e acção do Papa. Lembro-me de ter referido o perigo de atentados que Ele corria ao desenvolver a sua acção apostólica em viagens por países hostis e de religiões tão diferentes. A esta posição aquele meu amigo respondeu convicto: “- Quem iria fazer tal crueldade?” Como D. Januário infelizmente se enganou! No regresso a casa a minha mãe deu-me a notícia que houvera um atentado na Praça de S. Pedro e que o Papa estava muito mal. Fiquei arrepiada porque acontecera exactamente à hora em que decorrera a minha conversa com D. Januário e num local perfeitamente inesperado: o próprio Vaticano, coisa que muito me perturbou. Um ano mais tarde, quando assistia, pela TV, à transmissão das cerimónias de Fátima, que ele quis presidir como forma de agradecimento a Nossa Senhora por ter sobrevivido, presenciei como o padre Khron tentou matá-lo nas escadas da basílica. A sua resposta corajosa e generosa – abençoando o criminoso – tornaram-me definitivamente devota daquele homem de branco.
Nessa mesma deslocação veio ao Porto. Fui vê-lo ao aeroporto e tive a sorte de ficar na pista, perto do avião que o levaria a Roma. Como fora semana da Queima das Fitas, eu estava trajada e tinha na mão a minha pasta com as fitas azuis de História. E de repente surgiu-me a ideia de lhe pedir para que a benzesse. Entre mim e ele estavam as autoridades. Olhei para ver quem me poderia ajudar e reparei que quem estava mais ao meu alcance, embora bastante à frent,e mas junto dele era o Presidente da República, então o General Eanes. Chamei-o num grito que ele ouviu e mostrei-lhe a pasta fazendo um sinal da cruz. Ele percebeu o que eu queria e com um gesto indicou-me que lha atirasse. Assim o fiz e ela chegou às mãos do destinatário que efectivamente a benzeu. E regressou às minhas mãos do mesmo modo: atirada pelo ar. Não tenho fotografias do que se passou mas esta é uma das imagens que está bem gravada na minha alma e no meu coração.
O tempo foi passando. Rejubilei-me por todas as intervenções pela paz que Ele ia fazendo e assisti preocupada aos aparecimentos dos sinais do seu desgaste físico provocado pela doença que o minava. Quando se aproximou o final, por uma outra estranha coincidência eu também me encontrava doente com alguma gravidade e o modo como suportou o seu sofrimento ajudou-me a superar o meu que, felizmente, era muito menor. Presenciei todos os seus aparecimentos à janela do Hospital e à do Vaticano. Comoveu-me particularmente a última bênção “Urbi et Orbi”. Apesar do seu aspecto eu não imaginava que seria a última.
Agradeci-lhe toda a ajuda que me deu no dia em que pela primeira vez consegui ajoelhar-me junto do seu sepulcro, na cripta da Basílica de S. Pedro. E agradeço-lha hoje mais uma vez nesta manhã de domingo 2 de Maio de 2011, em que ascende ao primeiro degrau para a santidade, o de Beato e em que o seu corpo passará a ser venerado junto à Pietá, dentro da Grande Basílica.


E aqui lhe deixo o primeiro pedido como habitante de um país que ele sempre amou através de Nossa Senhora de Fátima: Juntem-se os dois e abençoem Portugal neste momento tão difícil que atravessamos.


Bendito sejas, Beato João Paulo II, meu Papa da Luz

2 Comentários:

Às 7 de maio de 2011 às 18:35 , Blogger GP disse...

Gostei do que li e junto-me a este teu pedido final.

beijo

 
Às 7 de maio de 2011 às 19:10 , Blogger Gaivota Maria disse...

Assim seja. Eu tento ter fé nisso.

 

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