terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

IMAGENS DA MINHA VIDA


Se perguntarmos a várias pessoas porque gostam de viajar, a resposta que mais se obtém é a de que querem ir VER, conhecer outras coisas. Muitas falam das culturas novas, outras de museus, de arquitectura, de história das terras para onde destinam as suas rotas. Mas todos ressaltam o factor paisagístico como objectivo de grande importância. E realmente é bom ver o que há nos outros lados para podermos avaliar o que temos. Por isso toda a gente tem o cuidado de levar uma máquina fotográfica ou uma câmara de vídeo para registar as imagens ou momentos que maior impacto lhes causa.
Não tenho viajado tanto quanto o que gostaria. Mas tenho dado umas voltinhas. E ao longo deste tempo também eu tenho enchido gavetas com fotografias, slides, cassettes video e, desde que comprei a câmara digital, a memória do computador. No primeiro momento em que visiono esse material, apresso-me a mostrá-lo à família e amigos para poder com eles partilhar as imagens que me encheram a retina. Depois guardo-o e lá de vez em quando faço-o sair do esquecimento a que fica votado e revejo-o talvez na tentativa de tornar mais próximo o momento então vivido. Se me dá a fúria das arrumações, lá vai algum parar ao lixo. E dou comigo a pensar que se deixara de lhe achar interesse talvez fosse por que ele não tinha tido assim tanta importância. Creio que isto se passa com uma boa parte da gente. Contudo há imagens que presenciamos ao longo da vida e que exercem sobre nós tal força que, mesmo que não estejam registadas em qualquer forma de suporte, nos deixaram marcas indestrutíveis. Acho que todos nós guardamos imagens dessas na nossa memória. Das muitas que vivi gostaria de vos falar de algumas em particular. Não o vou fazer por ordem de importância, mas à medida que me vão surgindo: A primeira é bem portuguesa: já alguma vez se encontraram sozinhos, sem mais ninguém, na imensidão do recinto do santuário de Fátima? Mais do que o belo me impressionou o tamanho que me reduziu literalmente a nada. Outra emocionou-me pela beleza plástica: Nova Iorque de noite, vista de dentro do avião: é um extenso manto de veludo preto salpicado por pedras brilhantes de mil cores. Inesquecível! A seguir duas imagens brasileiras: o anoitecer progressivo sobre a cidade do Rio de Janeiro, visto do alto do Pão de Açúcar e o pôr-do-sol na foz do rio Itanhaem, a sul de Porto de Galinhas, apreciado de dentro de um barco que navegava no meio do mangue. E as Lagoas das Sete Cidades e das Furnas, em S. Miguel? E o nosso Gerês e o Alto-Douro? … E nunca mais sairia daqui se as conseguisse enumerar todas. Há contudo uma que me emociona por demais (como diriam os nossos irmãos brasileiros). E não é preciso fotografar para a termos em nós pois emociona-nos diariamente. Está bem próxima e pode ser partilhada por todos. Chegamos lá sem pagar e ainda fazemos exercício, se quisermos. Muda com o tempo e o seu estado de disposição. Refiro-me ao espectáculo que é o mar desta nossa praia de Matosinhos. Esta semana tem sido fabuloso. Se o sol continuar, desçam ao passeio Atlântico, sentem-se no muro ou na areia (porque não num dos bares?) e deliciem-se com o que têm à vossa frente. Se forem de manhã poderão ver a elegância das traineiras e motoras a entrarem na doca com um véu brilhante de gaivotas sobre elas e sentirão uma sensação de paz e leveza infinda. Se preferirem o fim da tarde, quando o azul fica vermelho e o sol se esconde de nós não me acredito que não sintam um arrepio a percorrer-vos o corpo. Às vezes é demasiado belo para parecer verdade. E ainda por cima é nosso. Esta é uma imagem que mesmo sendo frequente não deixa por isso de ser uma das imagens da minha vida.

2 Comentários:

Às 6 de fevereiro de 2007 às 18:23 , Anonymous Anónimo disse...

Isabel
Por mero acaso li o teu artigo, gostei mas também sou da tua opiniáo.Há muita paisaguem bonita, mas a nossa terra é sempre a mais bonita .
Hoje mais que nunca dou esse valor porque moro longe e tenho muitas saudades da minha terra
Um beijo da tua antiga colega
Maria lucília Barros- Almada

 
Às 7 de fevereiro de 2007 às 11:05 , Anonymous Anónimo disse...

Isabel: A Lucília que te escreveu foi a colega que nasceu e viveu em Matosinhos até que, por razões profissionais, teve de vir para o sul. Sou a filhao do Sr. Barros que foi dos Serviços de Electicidade e irmã da Madre Teresa. Qualquer contacto para mim pode ser feito pelo 1933.carlos@gmail.com
Agradeço me forneças o teu.
Beijinhos.

 

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