quinta-feira, 14 de maio de 2009

SAUDADES DO MAR

Hoje eu fui ver o mar
Há quanto tempo eu não o via!
Há tanto
Que quando caminhava
Tive receio de já não o reconhecer.
Mas fui,
A medo
Pensando que ele iria estar diferente
Ou até já não existisse
Claro que esta última premissa era falsa.
Se eu existo é porque estou na terra
E a terra para ser terra
Tem de ter o mar.

Não me aproximei.
Vi-o de longe
Para que ele não me visse a mim.
Como o mar deve estar zangado comigo
Julgando que eu o esqueci!

À distância a que fiquei
Via-o, mas não o sentia
Talvez porque era maré baixa
E ele, calmo,
Vinha morrer silencioso
Espraiando-se na areia.

A minha ânsia dele
Pedia um mar agitado,
A saltar o esporão
Derramando a espuma nas rochas
E apagando com o estrondo
Da queda da água
O grasnar rouco das gaivotas.
O que respeito no mar
E mo faz amar
É a sua força telúrica.

Hoje finalmente eu fui de novo ver o mar
Mas não matei as saudades
Porque ele se escondera de mim.


GM

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