sábado, 27 de junho de 2009

REFLEXÃO DIRIGIDA À SENHORA MINISTRA DA EDUCAÇÃO

Acabo de ler no Jornal o “Sol” umas frases suas e que aparecem transcritas na 1ª pessoa do plural, não sei se para fazer de conta que transmite uma opinião generalizada ou se para se esconder por detrás do “nós” que nestes casos é sempre muito lato e difuso.
Depois da sua actuação deste ano lectivo, qualquer das premissas é válida e condiz com a sua atitude.
Mas comecemos

“por vezes temos, colectivamente, alguma dificuldade em reconhecer que os jovens sabem mais e foram mais além do que aquilo que as nossas gerações conseguiram”

No que se refere ao "colectivamente" julgo que está a pensar apenas em si e no seu staff porque no que diz respeito ao colectivo nacional, ou seja aos portugueses, sobretudo aos que são pais ou professores, está à vista que temos a certeza que os seus jovens não são os mesmos que nós conhecemos. Para grande preocupação nossa a grande maioria dos jovens (salvo raríssimas excepções) sabem muito menos que as gerações anteriores porque os currículos das disciplinas foram amputados de princípios fundamentais e só lhes impingem os básicos, os que lhes diminuiem os conhecimentos e portanto lhes tiram a apetência para saberem mais. Para disfarçar a situação os exames foram facilitados para ver se assim se conseguiam umas estatísticas europeias de sucesso minimamente decente. Numa coisa tem razão:

“foram mais além do que aquilo que as nossas gerações conseguiram”


Realmente ninguém da nossa geração tinha telemóveis para copiar por SMS durante os testes e os trabalhos de casa eram feitos com a ajuda dos livros e não com o “copy and past” que a Internet lhes possibilita. Até os mais pequenos, os que receberam os Magalhães do nosso PM já perceberam isso.


“os jovens hoje sabem não só mais, como sabem coisas diferentes”.

Sobre este ponto agradecia que explicasse o que quer dizer por “mais” e por “diferentes”. Será que está a referir-se entre outras coisas ao modo distinto (até do próprio acordo ortográfico), como eles escrevem a sua própria língua? Analisemos o exemplo seguinte, tirado da página de um jovem na Internet

"Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto montanhoso? ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? ou cuantas estrofes tem um cuadrado? ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?

E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os lesiades', q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah. "

Deu para entender?

“ Este queixume de que os jovens estão sempre piores que a geração anterior tem séculos: quando nos começa a suscitar a dúvida sobre a qualidade das gerações jovens, deveríamos pensar se o problema está nos jovens ou em nós próprios”, porque este é um pessimismo associado à idade”

Esta sua reflexão é uma verdade de La Palisse. Só que a velhice não é uma fatalidade. É sinal de que estamos vivos e somos uma fonte de sabedoria que é uma coisa que a idade e o percurso de uma vida constroem. Faz-nos ver os erros que cometemos e em função disso analisar comportamentos e ajudar os que vêm depois de nós. E quando comparamos a Escola que tivemos com a que a senhora tem tentado instaurar mais se me reforça a ideia que os nossos jovens estão bem pior. Regra geral embora não ignorantes de todo, são contudo incultos e desinteressados. E para isso muito contribuiu a polémica que a senhora arranjou com os professores. A sua mania da avaliação nivelou os professores aos alunos: Tudo começava e acabava com a avaliação para ambos. 2008-2009 não foi um ano lectivo. Foi uma época de tourada em que na barreira estiveram os alunos e na bancada os pais e o país.

Como acha que todos nós, país global, pensa que realmente as gerações jovens têm pouca qualidade de conhecimentos, por acaso está a insinuar que todos sofremos de pessimismo associado à idade? Dado que a senhora já anda pela meia idade e parece não sentir isso, das duas uma: ou tem um problema de distracção ou de adolescência mal resolvida .

“mal seria que nós não fossemos capazes de fazer melhor que aquilo que fizeram os nossos avós, mal seria que nós não transmitíssemos mais informação, mais conhecimento” Sol

Para esta só uma resposta: sou avó de uma neta universitária e 2 do secundário. Tenho 2 licenciaturas de 5 anos cada uma e um mestrado de 4. Eles vão chegar aqui, mas muito mais depressa. E infelizmente essa rapidez vai ser conseguida à custa da diminuição da informação e consequentemente de menor carga de conhecimentos. Para os obterem terão de ir para o estrangeiro, porque quem pouco tem, pouco pode dar.

Senhora Ministra: Já perturbou suficientemente os professores e os alunos. É altura de deixar o restante país em paz.

1 Comentários:

Às 29 de junho de 2009 às 18:33 , Blogger GP disse...

Assino por baixo todas as tuas palavras. Aliás ainda hei-de escrever sobre as novas oportunidades e as RVCC. Um embuste de que povo ainda não se apercebeu e quanso se aperceber será tarde. Se eu constituisse uma empresa não queria lá nenhum técnico vindo do ensino profissional público. Mas isso são contas de outro rosário.
"Dado que a senhora já anda pela meia idade e parece não sentir isso, das duas uma: ou tem um problema de distracção ou de adolescência mal resolvida." Eu acho que esta senhora tem tudo mal resolvido. Estar sempre ressaibiada com tudo, com todos, com a vida, é sinal disso.
Como diria a minha avó quando trovejava "Que Nosso Senhor a leve para onde não faça prejuízos!"
Na educação os danos que causou são irreparáveis. O futuro mostrará a todos desde o Sr Albino aos outros Pais e aos próprios portugueses que viveram estes quatro anos de destruição do ensino público.

Beijinho

 

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