domingo, 25 de abril de 2010

CRAVOS DE ABRIL

Enquanto tomava o pequeno almoço entretive-me a ver a transmissão da chegada das altas dignidades deste país à Assembleia da República. Para além da alta cilindrada dos carros que as transportavam (pormenor a que o país já está habituado e anda a engolir) um outro me chamou a atenção: a grande maioria dos que iam chegando faziam-no sem ostentar o tradicional cravo vermelho símbolo da Revolução de Abril. Entre outros cito Cavaco Silva, o nosso primeiro, o Costa da Câmara de Lisboa, o Presidente da Assembleia da República, muitos representantes dos partidos, antigos e actuais ministros, deputados e convidados… Fiquei estupefacta! Onde estava o espírito da revolução? Questionei-me se a ausência de cravos seria uma mostra de vergonha ou insegurança ou se um sinal que, no local do poder deste país, se anda realmente a poupar no supérfluo, como está estabelecido no PEC. E pensei na crise que as floristas de Lisboa estariam a viver…
Contudo a transição da imagem para o interior da Assembleia revelou-me que algumas dessas pessoas, não todas porque havia notáveis excepções, já ostentavam a dita flor na lapela. Eis senão quando vejo num dos lugares de passagem obrigatória uma grande montra de cravos de onde, os que o desejavam, se serviam de um exemplar que logo punham ao peito. E compreendi então que quem pagou os cravos que ali se viam também fomos nós pois do nosso bolso saem os impostos que pagam os grandes e pequenos luxos deste país até mesmo quando estes são os cravos de uma revolução mais que moribunda.

Só faltou que em cada uma das flores tivessem posto um fitinha com os dizeres “in memoriam” para toda aquela encenação sugerir um funeral.

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