ANTERO DE QUENTAL: 18 DE ABRIL DE 1841 / 11 DE SETEMBRO DE1891
IDÍLIO
Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas;
Ou, vendo o mar das ermas cumeadas
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longo, no horizonte, amontoadas:
Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão e empalideces
O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.
Antero de Quental, in "Sonetos"
3 Comentários:
Um poema lindo que eu desconhecia. Obrigada por ele.
Amanhã rumo, mais uma vez, a Ovar.
Beijos
Eu também não o conhecia mas é realmente uma beleza. Boa viagem e cuidado com a doçaria
Eu conhecia.
Lembro-me deste poema,quando as duas vamos até Fuselhas olhar o mar.
G.MIMI
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