domingo, 9 de dezembro de 2007

NATAL

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…


Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.


Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,


talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…


David Mourão Ferreira

3 Comentários:

Às 10 de dezembro de 2007 às 18:05 , Anonymous Anónimo disse...

FALAVAM-ME DE AMOR

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Natália Correia

(Gaivota da Beira Tejo)

 
Às 11 de dezembro de 2007 às 12:08 , Anonymous Anónimo disse...

Textos de dois "monstros" sagrados da poesia... este blogue não para de me surpreender e encantar!
gaivota do sul

 
Às 13 de dezembro de 2007 às 20:26 , Anonymous Anónimo disse...

Foi na noite de Natal
noite de santa alegria
caminhando vai José
caminhando vai Maria

Ambos vão para Belém
mais de noite que de dia
e chegaram a Belém
já toda a gente dormia

Buscou lume S.José
pois a noite estava fria
e ficou ao desamparo
sozinha a Virgem Maria

Quando S.José voltou
já viu a Virgem Maria
com o Deus Menino nos braços
que toda a gente alumia
(POPULAR)
(Gaivota da Beira Tejo)

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial