DIA DA MÃE (sobretudo para quem já a viu partir)
Lembro-me de ser criança quando esta comemoração surgiu. Não tinha o carácter comercial que tem hoje e era celebrada a 8 de Dezembro (diga-se de passagem que para nós portugueses era uma data mais consequente porque era o dia da Padroeira de todos nós). Não recordo de, então, se dar qualquer presente às mães. Normalmente a nossa homenagem e o modo de dizermos quanto as amávamos era através de postais onde escrevíamos algumas frases ou pequenas poesias, umas copiadas, outras tentadas por nós.
A geração das minhas filhas já me fez chegar pequenos presentes, subsidiados pelo pai ou feitos por elas. Hoje, como as três somos mães, encontramo-nos numa refeição e celebramo-nos umas às outras. O dia também mudou, para o primeiro domingo de Maio. Os autores da mudança fizeram-no convencendo-nos que era para estarmos à escala europeia, o que não é verdade para todos os países que compõem a EU.
Infelizmente já não tenho a minha mãe a meu lado para lhe dar sequer um beijo. (estou a fui ao cemitério levar-lhe umas flores e trocar dois dedos de prosa para lhe dar conta, mais uma vez, das saudades que temos dela e falar-lhe dos netos que não teve oportunidade de conhecer. É uma espécie de balanço anual das nossas vidas depois da sua partida, que não da sua ausência porque ela está sempre connosco. Como diz o poeta: “Mãe na sua graça é eternidade”
Por que Deus permite
que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não se apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
A geração das minhas filhas já me fez chegar pequenos presentes, subsidiados pelo pai ou feitos por elas. Hoje, como as três somos mães, encontramo-nos numa refeição e celebramo-nos umas às outras. O dia também mudou, para o primeiro domingo de Maio. Os autores da mudança fizeram-no convencendo-nos que era para estarmos à escala europeia, o que não é verdade para todos os países que compõem a EU.
Infelizmente já não tenho a minha mãe a meu lado para lhe dar sequer um beijo. (estou a fui ao cemitério levar-lhe umas flores e trocar dois dedos de prosa para lhe dar conta, mais uma vez, das saudades que temos dela e falar-lhe dos netos que não teve oportunidade de conhecer. É uma espécie de balanço anual das nossas vidas depois da sua partida, que não da sua ausência porque ela está sempre connosco. Como diz o poeta: “Mãe na sua graça é eternidade”
Por que Deus permite
que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não se apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
2 Comentários:
Olá, que melhor dia para voltar haveria?Somos muitas as gaivotas mães, que andamos por aqui.Tenho andado muito quietinha mas também ninguém me desafia.
gaivota MIMI
Ninguém te desafia? Tu é que só ligas quando te apetece ou queres provocar... Deverias fazer da tua participação neste blog um acto quotidiano como o de lavar os dentes. Aqui lavam-se as almase penteiam-se os afectos. Volta que serás perdoada
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