sexta-feira, 8 de agosto de 2008

MEMÓRIAS


Nesta casa, um vale encheu a parede; e

nesta parede, cresceram árvores, o campo

tornou-se verde, e um rio avançou

por entre margens frescas, onde

me sentei contigo.

Mas quando abri a janela, a parede

voltou a ser parede, o vale foi substituído

pela rua, com gente e automóveis, e

o rio levou a tua imagem para

o fundo da cidade.


E voltei a fechar a janela, para que

a barca da sombra te trouxesse de volta,

como se os rios corressem para trás, ou

a parede não tivesse ficado branca,

com a luz reflectida no gesso.


Nuno Júdice

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