FADO DE LUTO
Faleceu esta semana a fadista Fernanda Baptista. Juntamente com Amália, esta senhora acompanhou-me toda a vida. Vi-a muitas vezes em palco, primeiro nas revistas que subiam à cena no Sá da Bandeira, onde, por não haver então classificação de idades para os espectáculos, os meus pai me levavam, e, mais tarde, já adulta também no Parque Mayer. E ouvi-a no cinema a cantar o Fado do Toureiro, na banda sonora do filme Sangue Toureiro, creio que protagonizado por Manuel dos Santos, o maior toureiro da época. A minha mãe quase chorava quando a ouvia a cantar o Fado da Carta... Já bem adulta, no dia 28 de Maio de 1975, fui com um grupo jantar ao Mal Cozinhado, casa típica do Porto, sediada ainda no Passeio Alegre. Vejam só quem lá estava: Max, Carlos Zel e a Fernanda Baptista. Durante a actuação o segundo ousou cantar o "Nunca mais darei um cravo", revelando uma tremenda frontalidade na época. Um grupo dentro da sala protestou veementemente enquanto a maioria aplaudiu com estusiasmo. Eu estava entre esta. No final do jantar, tivemos a honra de receber os artistas na nossa mesa. E a conversa prolongou-se até bem entrada a madrugada... As histórias que aquela mulher contou... e sobre quem. Tratava-nos por "filhos" e falava com uma calma e um carinho enorme. A minha admiração por ela redobrou ao ouvir tudo quanto nos contou sobre os fadistas pseudo-revolucionários e que ela havia visto nascer, alguns filhos de amigas dela. Ontem à noite, a TV Memória brindou-nos com a repetição do programa do Júlio Isidro em sua homenagem. Foi um momento emocionante e de grande recordações para mim.
Adeus, Fernanda Baptista. Descansa no céu dos fadistas. Por cá nós guardaremos a tua memória através da voz que nos deixaste registada nas cassettes, vinys e Cds.
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