terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ESTA É AGORA A MINHA ESCOLA

Escola



O que significa o rio, a pedra,

os lábios da terra que murmuram,

de manhã, o acordar da respiração?



O que significa a medida das margens,

a cor que desaparece das folhas

no lodo de um charco?



O dourado dos ramos na estação seca,

as gotas de água na ponta dos cabelos,

os muros de hera?



A linha envolve os objectos

com a nitidez abstracta dos dedos;

traça o sentido que a memória não guardou;



e um fio de versos e verbos canta,

no fundo do pátio,

no coro de arbustos que o vento confunde com crianças.



A chave das coisas está no equívoco da idade,

na sombria abóbada dos meses,

no rosto cego das nuvens.



Nuno Júdice

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