sexta-feira, 10 de abril de 2009

UMA TRADIÇÃO RECUPERADA - A QUEIMA DO JUDAS

Muitas tradições de sátira e crítica popular, que o tempo tinha começado a esquecer, têm vindo a ser recuperadas, sobretudo nas zonas mais interiores do país. Uma delas é a cébre "Queima do Judas" uma espécie de auto popular que se realiza no Sábado de Aleluia.
Esta cerimónia consiste na queima de uma ou mais figuras humanas feitas a partir de estruturas em arame e cobertas de papel. Cada boneco encontra-se recheado de foguetes que rebentarão na altura da queima, a qual ocorre no lugar público mais frequentado do sítio, após a leitura do Testamento do Judas que é um conjunto de quadras populares que satirizam o visado e de uma valente coça com cacetes. Inicialmente o fantoche simbolizava o próprio Judas Iscariote e a sua queima era o castigo pela traição feita a Jesus. Contudo, actualmente, muitas vezes estes bonecos são modelados de forma a terem semelhanças físicas com figuras locais ou nacionais que os autores da festa querem atingir com uma crítica cerrada, talvez para se vingarem delas. Será que neste Sábado de Aleluia não serão queimados, algures por este país. alguns ministros ou Secretários-gerais?
O costume da Queima de Judas mantém-se com muita força no Brasil. Aqui vos deixo uma pequena poesia brasileira relativa a essa tradição

MANHÃ DE SÁBADO DE ALELUIA

Nos ares brada o foguete
Repicam em todos os sinos!
Rola o Judas no cacete!
Que alegria entre os meninos!
Uns rasgam-lhe as calças finas
E vão-lhe o corpo arrastando
Outros tiram-lhe as botinas
E vão-lhe o fraque arrancando
Uma mocinha da casa
Vendo que tudo se arrasa
Por acolá se desliza
Gritando: - Mamãe, acuda:
Dessa casaca do Juda
Papai diz que inda precisa!
(X. de Castro)

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