UMA ESPERANÇA PARA OS MEUS NETOS? DUVIDO
Todos nós temos vivido sob o signo da Esperança. A crise que se instalou em Portugal desde há séculos já teria acabado com este país não fosse a dita virtude. Emigrando, esperando ou reciclando as nossas actividades lá nos vamos aguentando apesar dos sustos cíclicos. Cada mudança de regime, cada eleição são sempre um ponto de expectativa reforçado pelas promessas que os variados candidatos nos oferecem. E se nós adultos já encaramos estes momentos com um pé atrás pois a experiência já nos habituou a perceber que não passam de propaganda tipo banha da cobra, os mais jovens, sobretudo aqueles que pela primeira vez vão praticar o dever cívico de votar, ainda o fazem com a santa ingenuidade que a sua cruzinha no sítio correcto os vai tornar partícipes da mudança. Este ano eu tenho uma neta que se está a estrear como votante. Pertence a uma geração que tudo aponta a que seja uma das mais sacrificadas que este país algum dia viu dado o falhanço de sucessivas medidas governamentais e o ónus do endividamento público que sobre ela vai cair. E isto num momento em que parece haver um recuo, táctico com toda a certeza, das grandes e inúteis obras de regime que este governo se propôs. A minha neta embora já esteja na Faculdade, exactamente no 2º ano de Gestão, é uma rapariga a quem a política passa ao lado. Mas se bem a conheço, quando a necessidade apertar, ela vai tornar-se uma revolucionária não aguerrida, mas consciente. No momento em que vos escrevo, ela está de férias, por isso não a pude ouvir sobre o assunto que surgiu esta semana e que lhe diz directamente respeito dado que futura mãe. Se a vida correr no seu curso natural, ela será a primeira da minha família directa a ter filhos e portanto, a aceitar como verdadeira a promessa do nosso Primeiro Ministro que garante que o seu rebento e meu bisneto terá direito, no momento do seu nascimento a um depósito de 200€ guardado em conta que o mesmo só poderá movimentar quando fizer 18 anos. Há uns anos atrás esta medida seria de louvar e o povo português alugaria camionetas para ajoelhar frente à Presidência do Conselho de Ministros a agradecer tal dádiva. Estou ansiosa por estar com ela para saber o que ela pensa. Até porque, como vos disse, ele está em gestão e, melhor do que eu saberá analisar o valor desta medida. Se isto tivesse acontecido quando eu tinha 18 anos, teria sido um grande presente. Aliás então era costume padrinhos e pais fazerem-nos essas contas que anos depois constituíam um pequeno mas útil pé-de-meia. Só que então, embora não houvesse muito dinheiro não havia inflação que comesse aquelas poupanças. Hoje isso não acontece. Todos sabemos, e a Carolina também sabe, que o nosso dinheiro emagrece rapidamente nos depósitos. Que pensará ela desta medida surgida à mistura com outras de carácter social exactamente, pensem bem, em momento de grande crise e plena propaganda eleitora? Quanto a mim, já tenho a minha opinião, de experiência, feita. Quando o meu bisneto fizer 18 anos e quiser movimentar os tais euros que um Primeiro Ministro em exercício quando a mãe tinha a idade dele, nem vai aproximar-se do banco em que estará o dinheiro a que deveria ter direito, porque se arrisca a, em vez de receber, ter que pagar as custas acumuladas da guarda do depósito, certamente de valor bem mais alto do que o inicial. A isto se refere o povo como “Vai-te ganho que só me dás perda.”
Se me admite uma sugestão, Snr. Engenheiro, porque não aproveita a campanha do Montepio Geral e oferece um mealheiro com os referidos euros a cada português que nascer? Talvez assim quando eles chegarem aos 18 anos haja lá dentro qualquer coisa, que se não servir para mais nada poderá ser vendida a coleccionadores de velharias.
Isto da propaganda eleitoral se não fosse tão triste até era de rir…
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