COLABORAÇÃO DA GAIVOTA DE SERRALVES
Ladainha dos póstumos Natais
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do infinito.
David Mourão-Ferreira
Beijinho
2 Comentários:
Obrigada por teres colocado aqui este poema que é triste mas realista. Há muita gente que vai ter este Natal e, para eles, fica a minha lembrança.
Um beijinho
Sempre gostei muito do David Mourão Ferreira. E este poema é muito especial porque o ouvi dizê-lo na TV. E sobretudo porque me lembra muito a minha mãe que morreu, de repente, 15 dias antes do Natal. Posso dizer-te que se fez o Natal na mesma, toda a gente tinha os seus presentes, que ela já comprara, todos conseguimos falar dela mas... foi muito difícil.Beijinhos, irmã de Serralves
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