RESTA-NOS ESPERAR...
Este princípio do ano tem sido movimentado. A agitação política, de tão arrastada e repetida que é, já caiu na banalidade do quotidiano: escutas sucedem-se a escutas, a que se sucedem insinuações desmentidas por declarações e uma ou duas demissões, para se sacudir água dos capotes e nos distrairmos de alguns ratos que andam por aí com os rabos de fora. Para agravar tudo isto e, como casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, a roupa suja tem-se lavado não em casa, como aconselha o ditado, mas no parlamento e na praça pública em atitudes que fazem lembrar que em tempo de guerra não se limpam armas. Mas como quem muito fala pouco acerta e quem muito jura é quem mais mente, com a verdade nos enganam.
Tudo quanto a que estamos sentados a assistir é o desbobinar de uma cadeia com muitos elos de “amizades” que se emaranhou de tal forma que passou a uma espécie de rede de que poucos escapam. Porque os amigos são para as ocasiões e quem vê cara não vê corações, alguns políticos e seus apaniguados, aproveitaram-se dos que não sabiam nem pensavam que cada homem tem o seu preço e que a ocasião faz o ladrão, aliciando-os para determinados trabalhinhos. Como a ambição cerra o coração, os aliciados não suspeitaram do estado dos dentes do cavalo que lhes estava a ser oferecido, nem pararam para pensar que amigos, amigos, negócios à parte e assim preparam a cama onde se deitaram. Lá subir, subiram, mas quanto maior a altura, maior a queda. Obrigados ao lema de que o segredo é alma do negócio, ou seja, se sabes o que eu sei cala-te que eu me calarei, nem se lembrarar que se as palavras voam a escrita fica. E ficaram nos telemóveis e dali saltaram para certidões. Muitos arvoram que estão a dizer a verdade. Só que cada qual sabe onde lhe aperta o sapato e, por isso, quem diz a verdade perde a amizade dos que lhe fizeram promessas. Quem tem capa sempre escapa, resta agora saber quem é ou são os verdadeiros embuçados.
Toda este “embrulho” que temos presenciado e discutido tem-nos posto a duvidar de uma classe que, por inerência dos seus deveres, tem a obrigação de ser um bom exemplo. Por isso estamos todos expectantes e de pé atrás. Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Há que estarmos vigilantes e unirmo-nos porque a união faz a força. Resta-nos esperar que depois deste mal surjam os remédios. A Esperança é sempre a última a perder.
(publicar em Matosinhos Hoje de 2.2.2010)
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