domingo, 24 de janeiro de 2010

DESNORTE

Finda a tempestade
Não recuperei o rumo do meu voo.
Perdi as rotas
E não consigo encontrá-las
Nos despojos
Espelhados no areal.
Apenas aqui e ali
Surgem sinais,
Pequenos,
De traços conhecidos.
A luz, se bem que difusa
Começa a iluminar
Espaços habituais
Onde parava o meu bando.
Mas nenhuma das gaivotas
Voltou ainda.
Como voltar a partir
Se não sei para onde voar?

SS

6 Comentários:

Às 24 de janeiro de 2010 às 21:03 , Anonymous Anónimo disse...

MOTIVO

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

(Cecília Meireles)


Será nostalgia ou anda numa fase mais tristonha?

Obrigado pela canção da Whitney.
Mais uma viagem de trabalho, virei visitá-la mais amiúde.

J. Antunes

 
Às 24 de janeiro de 2010 às 21:20 , Blogger Gaivota Maria disse...

Obrigada pela poesia da minha querida Cecília Meireles. Veio mesmo a calhar. Nostalgia e tristeza por vezes confundem-se e aparecem como um sentimento único.Fique na dúvida entre ser perpiscaz ou eu demasiado transparente. Mas como já deve ter percebido a poesia é uma fuga para mim. Boa viagem e bom trabalho

 
Às 25 de janeiro de 2010 às 12:01 , Anonymous Anónimo disse...

Que maravilha de sentimentos se desprendem da bela poesia de SS... um encantamento!

E agora, querida Gaivota Maria, vamos lá chegar à conclusão - mais uma vez - de que o mundo afinal... é mesmo do tamanho de uma ervilha! Ouvi isto à minha neta Inês, que também encontrei no hotel da Ericeira!...
E nós, amiga Gaivota Maria, devemos ter-nos cruzado, não no hotel, mas diversas vezes durante a visita ao Convento de Mafra. Suponho que estaria integrada num grupo enorme que andava a fazer a visita naquela altura. Eu ia com a minha filha Leonor (Nocas para a família e amigos) e por várias vezes nos cruzámos com o grupo e parámos para o deixar passar... estava entre os participantes?! Espantoso, não é? Gaivotas voando sob o mesmo céu e que se cruzam sem chegar a conhecer-se!...
Mas também devo comentar que, se de facto fez esta visita, deve estar em muito boa forma... é preciso andar quilómetros! Naquela altura não me apercebi, mas a minha coluna acabou por se ressentir. Ainda hoje me doi e só penso que no sábado vou para Moscovo e terei também de andar muito para visitar todos os tesouros que há por lá!...

A música continua a ser uma boa companhia, obrigada!
Um grande abraço
gaivota do sul

 
Às 25 de janeiro de 2010 às 17:24 , Blogger Gaivota Maria disse...

Querida gaivota do sul

Como muito bem deduziu, eu fazia parte desse grupo, que estava dividido em 2. Consegui subir as escadas, mas após 5 primeiras salas do início, cansei-me do pára/arranca e arranquei sozinha por ali fora em direcção à biblioteca que era o meu objectivo principal. Lembro-me de, ao passar nas janelas que dão para a basílica, estarem duas pessoas que se afastaram permitindo-me a passagem para fazer umas fotos. Não sei se seriam vocês. Mas por acaso não viram uma criatura sozinha, com uma canadiana a atravessar os corredores? Se sim, era eu. Fui até à biblioteca e voltei pelo mesmo caminho para esperar o grupo sentada nos bancos do rés-do-chão. Realmente estou bem da perna. Mas o regresso da biblioteca custou um bocado. Digamos que foi uma prova de força.
Mas realmente o mundo é muito pequeno. Ainda vou tentar descobrir se nas fotos dos meus colegas aparecem vocês as duas. Se encontrar algumas pessoas estranhas nas minhas, vou pô-las no blog.
Espero que goste de Moscovo. O Museu do Kremlin é das coisas mais fabulosas que tive a oportunidade de ver. Agasalhe-se é bem. Um abraço

 
Às 26 de janeiro de 2010 às 12:44 , Anonymous Anónimo disse...

Bom Dia, Gaivota Maria
Continuando a "saga" do Convento de Mafra, acho que eramos mesmo nós, pois sempre que passava pelas janelas gostava de dar uma espreitadela, mas, na verdade, não dei muita atenção às pessoas, pois o interesse pelo que via as ultrapassava. Ainda bem que falou na Biblioteca, pois foi o lugar onde estivemos mais tempo. Trocámos as voltas e fomos para lá antes de acabar a visita, para aproveitarmos o tempo antes da chegada do grupo, que vimos depois e julgo que terminou a visita ao Convento na Biblioteca. Devo confessar que por ali estivemos a "embebedarmo-nos" com o maravilhoso odor dos livros... adoro o "ar" que se respira nas bibliotecas, um misto de papel e tinta a que se junta o produto de tratamento, que tudo misturado nos transporta a outros séculos... adorei!...
Por seu lado, a minha filha diz que se recorda perfeitamente de ver uma senhora com canadiana.
Com esta coincidència, acredito que haverá uma próxima... vamos fazer por isso!
Um beijinho
gaivota do sul

 
Às 26 de janeiro de 2010 às 15:53 , Blogger Gaivota Maria disse...

Espero que a próxima não demore muito e pode ser à volta de um chá ou de um almoço. Tenho que combinar com a Mimi. Mas esta coincidência foi enorme. Somos realmente uma ervilha.

 

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