terça-feira, 24 de maio de 2011

RESTAURO DA IMAGEM DO BOM JESUS DE MATOSINHOS - UMA BOA NOTÍCIA

Esta manhã fui surpreendida por esta novidade que me deu um prazer enorme. Cresci à sombra dela, vivi sob a sua protecção e tentei pagar o que Ela me tinha dado com o meu próprio trabalho: Juntamente com o Joel Cleto divulgamos a sua história e a sua devoção através dos nossos livros. Obrigada a quem tanto se empenhou para fazer este restauro.

Imagem do Senhor de Matosinhos será restaurada

23-05-2011

A imagem, com dois metros de altura, remonta, segundo o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha, a “ finais do século XII, princípio do século XIII”.

O trabalho de restauro, com um prazo de execução de cerca de meio ano, será realizado pelo restaurador/conservador Alexandre Maniés, em colaboração com o Centro de Conservação e Restauro da Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, que procurará “devolver estabilidade física e química à imagem”.

Tendo em conta o mau estado de conservação da imagem, o restauro terá lugar numa sala da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos após as Festas da Cidade, mantendo-se, desta forma, as actuais condições de temperatura e humidade. O custo do restauro rondará os 20 mil euros, de acordo com o Vereador da Cultura da Autarquia.

Consta a lenda que a imagem do Senhor de Matosinhos terá sido esculpida por Nicodemos, que assistiu aos últimos momentos de vida de Jesus e que é, por isso, considerada uma cópia fiel do rosto de Cristo.

Hábil escultor, Nicodemos reproduziu em madeira mais quatro imagens, mas a de Matosinhos é considerada a primeira e a mais perfeita. As outras encontram-se em Ourense e Burgos, em Espanha; Luca, na Itália; e ainda uma outra, presumivelmente oriunda de Berito, na Síria a actual Beirute, no Líbano.

Conta-se que Nicodemos terá escondido no interior da imagem os instrumentos da Paixão. Numa época de perseguição, os objectos sagrados eram escondidos ou atirados ao mar para escaparem à fogueira. É neste contexto que Nicodemos atira a imagem ao mar Mediterrâneo, na Judeia, e esta é levada pelas águas, passando o estreito de Gibraltar e chegando à praia do Espinheiro (Matosinhos), sem um braço.

Em memória deste acontecimento, foi erigido na praia de Matosinhos o Monumento ao Senhor do Padrão que ainda hoje existe, na entrada do molhe sul do Porto de Leixões.

A escultura, à qual faltava um braço, foi guardada e venerada pela população de Bouças que designou a imagem por Nosso Senhor de Bouças, venerando-a durante 50 anos pelos seus muitos milagres.

Ao longo do tempo, por diversas vezes, vários braços foram mandados esculpir e por todo o lado se procuraram artistas que reconstituíssem o braço que faltava, mas todos eles sem sucesso, pois nunca nenhum conseguiu encaixar na imagem.

No ano de 174, uma mulher que recolhia lenha na praia, encontrou o braço, e julgando tratar-se apenas de mais um pedaço de madeira, lançou-o à lareira. Contudo, o pedaço persistia em saltar da lareira de cada vez que era para lá atirado. A filha dessa senhora, surda - muda de nascença, fazia-lhe gestos desesperados. Por fim, balbuciou, perante o espanto da mãe, que o pedaço de madeira era o braço de Nosso Senhor das Bouças. Assombrada pelo milagre, a população verificou que o braço se ajustava tão bem à imagem que parecia que nunca dela se tinha separado. No século XVI, a imagem foi mudada para uma igreja em Matosinhos, construída em sua honra, ficando a ser conhecida por Senhor de Matosinhos.

A partir daí, todos os anos, sete semanas depois da Páscoa, realizam-se as Festas em honra do Senhor de Matosinhos. Este ano, o feriado municipal será no dia 14 de Junho.

(texto e fotos extraídos da Newsletter da Câmara Municipal de Matosinhos em 23.5.2011)

sábado, 21 de maio de 2011

QUE PAÍS É ESTE?


Que país é este
Que não conserta
Os erros do seu parto prematuro?
Que país é este que arremessa
Os seus filhos
À dúvida e ao escuro?

Não aprendeu a governar-se este país!

Depois de nascer soube crescer
Descobriu o longe
Mas esqueceu o perto.
E o mar que o beija
E o embalou
Assiste impotente à sua morte lenta
Vendo-o perder-se pouco a pouco
Sem conseguir lutar contra a tormenta.

Desperta Portugal!

É a hora de lutar
Contra os que te querem destruir
Por desgoverno ou por ambição.
De Norte a Sul
Sejamos capazes de juntar vontades
E a todos que nos querem dominar
Dizer a uma voz
Um imenso NÃO.

GM

segunda-feira, 16 de maio de 2011

SEMANA DO LIVRO NA UNIVERSIDADE SÉNIOR FLORBELA ESPANCA


Gosto dos livros esquecidos
Gosto de pensar nos olhos que os leram
Nas mãos que os tocaram
Na vida efémera das palavras
Neles contidas
Na nudez
Da escrita

Poesia e pintura de MC

sábado, 7 de maio de 2011

A UMA AMIGA MUITO ESPECIAL

Acredito que serás capaz
De transformar a dor em recordação
A perda numa ausência
E cada lágrima numa pérola
Que enfiarás no cordão do passar de cada dia
E com que farás o rosário especial
Das tuas orações.


A eternidade é algo sem lugar, sem princípio e sem fim.
Quando lá chegarmos
Não vamos pensar no que deixamos nem no que está para vir
E teremos à nossa espera
Todos quantos nos deixaram
Para nos indicarem o caminho.
E nesse espaço, que julgamos tão distante,
Porque nos chama de surpresa,
Vamos ver-te lado a lado com a Joana
A fazer o que tão bem sabes: sorrir.


IL

domingo, 1 de maio de 2011

RECADO A MINHA MÃE

Ainda há marcas tuas no espaço em que vivemos
Pequenas coisas esquecidas em sítios imprevistos:
Um lenço, uma foto,
Um frasco vazio do perfume de “Maderas de l’Oriente”
Com os paus da essência de que tanto gostavas
E que se evaporou lentamente pelo abandono.
O teu terço e algumas jóias estão com as tuas netas
Que falam de ti aos bisnetos que não chegaste a conhecer.
Eu estou na mesma
Segundo elas cada vez mais filha única
E até parecida contigo.
Mas tudo isto saberás de certeza
Porque sinto a tua presença vigilante sobre mim…


Passou tão depressa o tempo em que te tive comigo
Passa tão devagar o tempo desde que partiste…


IM

BEATO JOÃO PAULO II, O MEU PAPA DA LUZ


A minha ligação a João Paulo II começou no dia da sua eleição. Por fim depois de alguns séculos (creio que quatro) tínhamos um papa que não era italiano. E além disso vinha de um país da Cortina de Ferro. Isso marcou-me pela expectativa. Fui acompanhando a sua actuação e embora não tivesse concordado com tudo, sobretudo no que toca à não adaptação da Igreja às necessidades que os novos tempos impõem (proibição das novas técnicas anticoncepcionais, do uso do preservativo para evitar a Sida, do casamento dos padres…) rendi-me à sua capacidade de diálogo e de esforço pela paz entre as diversas igrejas e os diferentes países. Esse respeito acabou por ser reforçado por alguns factos da minha vida que me levaram a criar uma espécie de ligação pessoal com Ele.
Em 13 de Maio de 1981, quando saía de uma aula do curso de História da Faculdade de Letras do Porto, encontrei o que então era padre e professor naquela Faculdade e é hoje Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira. Fomos colegas de curso (quando fiz Filosofia) e ficámos amigos. Por isso sempre que nos encontrávamos ficávamos na conversa. Naquele dia o assunto caiu por mero acaso na pessoa e acção do Papa. Lembro-me de ter referido o perigo de atentados que Ele corria ao desenvolver a sua acção apostólica em viagens por países hostis e de religiões tão diferentes. A esta posição aquele meu amigo respondeu convicto: “- Quem iria fazer tal crueldade?” Como D. Januário infelizmente se enganou! No regresso a casa a minha mãe deu-me a notícia que houvera um atentado na Praça de S. Pedro e que o Papa estava muito mal. Fiquei arrepiada porque acontecera exactamente à hora em que decorrera a minha conversa com D. Januário e num local perfeitamente inesperado: o próprio Vaticano, coisa que muito me perturbou. Um ano mais tarde, quando assistia, pela TV, à transmissão das cerimónias de Fátima, que ele quis presidir como forma de agradecimento a Nossa Senhora por ter sobrevivido, presenciei como o padre Khron tentou matá-lo nas escadas da basílica. A sua resposta corajosa e generosa – abençoando o criminoso – tornaram-me definitivamente devota daquele homem de branco.
Nessa mesma deslocação veio ao Porto. Fui vê-lo ao aeroporto e tive a sorte de ficar na pista, perto do avião que o levaria a Roma. Como fora semana da Queima das Fitas, eu estava trajada e tinha na mão a minha pasta com as fitas azuis de História. E de repente surgiu-me a ideia de lhe pedir para que a benzesse. Entre mim e ele estavam as autoridades. Olhei para ver quem me poderia ajudar e reparei que quem estava mais ao meu alcance, embora bastante à frent,e mas junto dele era o Presidente da República, então o General Eanes. Chamei-o num grito que ele ouviu e mostrei-lhe a pasta fazendo um sinal da cruz. Ele percebeu o que eu queria e com um gesto indicou-me que lha atirasse. Assim o fiz e ela chegou às mãos do destinatário que efectivamente a benzeu. E regressou às minhas mãos do mesmo modo: atirada pelo ar. Não tenho fotografias do que se passou mas esta é uma das imagens que está bem gravada na minha alma e no meu coração.
O tempo foi passando. Rejubilei-me por todas as intervenções pela paz que Ele ia fazendo e assisti preocupada aos aparecimentos dos sinais do seu desgaste físico provocado pela doença que o minava. Quando se aproximou o final, por uma outra estranha coincidência eu também me encontrava doente com alguma gravidade e o modo como suportou o seu sofrimento ajudou-me a superar o meu que, felizmente, era muito menor. Presenciei todos os seus aparecimentos à janela do Hospital e à do Vaticano. Comoveu-me particularmente a última bênção “Urbi et Orbi”. Apesar do seu aspecto eu não imaginava que seria a última.
Agradeci-lhe toda a ajuda que me deu no dia em que pela primeira vez consegui ajoelhar-me junto do seu sepulcro, na cripta da Basílica de S. Pedro. E agradeço-lha hoje mais uma vez nesta manhã de domingo 2 de Maio de 2011, em que ascende ao primeiro degrau para a santidade, o de Beato e em que o seu corpo passará a ser venerado junto à Pietá, dentro da Grande Basílica.


E aqui lhe deixo o primeiro pedido como habitante de um país que ele sempre amou através de Nossa Senhora de Fátima: Juntem-se os dois e abençoem Portugal neste momento tão difícil que atravessamos.


Bendito sejas, Beato João Paulo II, meu Papa da Luz