quinta-feira, 30 de julho de 2009

UMA ESPERANÇA PARA OS MEUS NETOS? DUVIDO

Todos nós temos vivido sob o signo da Esperança. A crise que se instalou em Portugal desde há séculos já teria acabado com este país não fosse a dita virtude. Emigrando, esperando ou reciclando as nossas actividades lá nos vamos aguentando apesar dos sustos cíclicos. Cada mudança de regime, cada eleição são sempre um ponto de expectativa reforçado pelas promessas que os variados candidatos nos oferecem. E se nós adultos já encaramos estes momentos com um pé atrás pois a experiência já nos habituou a perceber que não passam de propaganda tipo banha da cobra, os mais jovens, sobretudo aqueles que pela primeira vez vão praticar o dever cívico de votar, ainda o fazem com a santa ingenuidade que a sua cruzinha no sítio correcto os vai tornar partícipes da mudança. Este ano eu tenho uma neta que se está a estrear como votante. Pertence a uma geração que tudo aponta a que seja uma das mais sacrificadas que este país algum dia viu dado o falhanço de sucessivas medidas governamentais e o ónus do endividamento público que sobre ela vai cair. E isto num momento em que parece haver um recuo, táctico com toda a certeza, das grandes e inúteis obras de regime que este governo se propôs. A minha neta embora já esteja na Faculdade, exactamente no 2º ano de Gestão, é uma rapariga a quem a política passa ao lado. Mas se bem a conheço, quando a necessidade apertar, ela vai tornar-se uma revolucionária não aguerrida, mas consciente. No momento em que vos escrevo, ela está de férias, por isso não a pude ouvir sobre o assunto que surgiu esta semana e que lhe diz directamente respeito dado que futura mãe. Se a vida correr no seu curso natural, ela será a primeira da minha família directa a ter filhos e portanto, a aceitar como verdadeira a promessa do nosso Primeiro Ministro que garante que o seu rebento e meu bisneto terá direito, no momento do seu nascimento a um depósito de 200€ guardado em conta que o mesmo só poderá movimentar quando fizer 18 anos. Há uns anos atrás esta medida seria de louvar e o povo português alugaria camionetas para ajoelhar frente à Presidência do Conselho de Ministros a agradecer tal dádiva. Estou ansiosa por estar com ela para saber o que ela pensa. Até porque, como vos disse, ele está em gestão e, melhor do que eu saberá analisar o valor desta medida. Se isto tivesse acontecido quando eu tinha 18 anos, teria sido um grande presente. Aliás então era costume padrinhos e pais fazerem-nos essas contas que anos depois constituíam um pequeno mas útil pé-de-meia. Só que então, embora não houvesse muito dinheiro não havia inflação que comesse aquelas poupanças. Hoje isso não acontece. Todos sabemos, e a Carolina também sabe, que o nosso dinheiro emagrece rapidamente nos depósitos. Que pensará ela desta medida surgida à mistura com outras de carácter social exactamente, pensem bem, em momento de grande crise e plena propaganda eleitora? Quanto a mim, já tenho a minha opinião, de experiência, feita. Quando o meu bisneto fizer 18 anos e quiser movimentar os tais euros que um Primeiro Ministro em exercício quando a mãe tinha a idade dele, nem vai aproximar-se do banco em que estará o dinheiro a que deveria ter direito, porque se arrisca a, em vez de receber, ter que pagar as custas acumuladas da guarda do depósito, certamente de valor bem mais alto do que o inicial. A isto se refere o povo como “Vai-te ganho que só me dás perda.”
Se me admite uma sugestão, Snr. Engenheiro, porque não aproveita a campanha do Montepio Geral e oferece um mealheiro com os referidos euros a cada português que nascer? Talvez assim quando eles chegarem aos 18 anos haja lá dentro qualquer coisa, que se não servir para mais nada poderá ser vendida a coleccionadores de velharias.
Isto da propaganda eleitoral se não fosse tão triste até era de rir…

ANTES QUE SEJA AGOSTO

Sobre a maciez do pó da estrada
deixo minh’alma e vou sonhando águas...
Ao sol meu coração tão pálido,
numa tranquilidade que não é senão tristeza.

Em algum lugar do pensamento
uma janela aberta ao que sempre tarda.

Vem,
põe a mão na claridade que me veste o corpo,
minha pele está tão fria...

Sente o cheiro do mato que rasteja aos meus pés,
deita comigo nesse rio verde...

Faz-me serena antes que seja agosto.

Paula Fuster

segunda-feira, 27 de julho de 2009

PARA OS PASSARÕES QUE BUSCAM O NORTE

domingo, 26 de julho de 2009

REFLEXÕES DO FIM DE SEMANA DE UMA ENCLAUSURADA

A primeira reflexão tem a ver com a visita do nosso Presidente da República à Áustria. Fiquei comovidíssima, não só porque é um país que me atrai (e onde não pude ir ainda porque quando a reservo passagem me surge sempre algum impedimento), mas sobretudo porque essa visita foi marcada por uma recepção a muitos austríacos que, crianças ainda, no final da II Grande Guerra, a Caritas trouxe para junto de nós para que assim pudessem sobreviver à penúria que o país então sofria devido à invasão alemã. Toda a minha geração se lembra daquelas crianças de grandes olhos azuis assustados que passaram a viver connosco, a falar a nossa língua (e que bem que alguns ainda a falam!) e a partilhar as nossas escolas e brincadeiras. Alguns acabaram por cá ficar. As imagens da recepção a esta gente, hoje já bem madura, fizeram-me saudades e verti algumas lágrimas por amigos que se foram e de que perdi o rasto.

Sábado o país acordou com um PS pretensamente renovado. E de que maneira. Alguém ainda nos há-de explicar o sorriso do porta-voz que anunciou o acordo (???) obtido na aprovação das listas que denominam refrescadas com novas caras e diferentes maneiras de pensar e actuar. Isso cheira-me a mais uma pincelada para ocultar a saída dos “Alegres” e outros históricos. Em terra de homens do mar, como esta nossa, diz-se porém que aos primeiros sinais de naufrágio os ratos são os primeiros a abandonar o barco. Para completar o quadro temos a entrada em 3º lugar para Lisboa da actriz-cineasta Inês de Medeiros. Estou hesitante entre tomar esta atitude como uma versão de um “ Job for de the girl” que foi mandatária do Prof. Vital Moreira nas últimas eleições para o PE (o resultado viu-se!) ou como uma forma de nosso actual PM, o tal que disse que ainda está para nascer um Primeiro Ministro como ele para enfrentar o défice, conseguir quem lhe produza de borla (que nós pagamos) um filme que retrate a verdadeira história da sua actuação nesse sentido. De certeza que seria obra bem mais fantasmagórica do que qualquer uma das do Harry Potter.

A 3ª e última reflexão vai dirigida ao nosso nortenho Ministro da Cultura. Ó Zé, sempre foste um rapaz de ideias avançadas e muito valor. Contudo não te perdoo a assinatura do Acordo ortográfico que pôs a nossa língua submetida à amálgama que é a dos povos por nós colonizados. Isso entristeceu-me. Mas percebo que foi uma herança envenenada que herdaste e como Ministro nomeado actuaste em função das ordens recebidas. “Noblesse oblige”. Alguém tinha que ser a arma da prática daquele aborto que os portugueses não queriam. Eu continuarei a escrever como aprendi e o resto que se lixe ou use um dicionário para me entender. Mas esta de empeitares a transformação do Pavilhão de Portugal em Museu da Viagem, é delirante. A ideia é boa. Lá isso é! Só que as eleições estão aí, ao virar a folha do calendário. Anunciares isto a semanas de voltares para o teu escritório de advogados, não achas que é extemporâneo? Ou terá sido mais uma das ordens do teu patrão
?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

LANCEI OS BÚZIOS PARA VER A MINHA SORTE

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Regresso"
Quando eu voltar,
que se alongue sobre o mar,
o meu canto ao Creador!
Porque me deu, vida e amor,
para voltar...
Voltar...
Ver de novo baloiçar
a fronde magestosa das palmeiras
que as derradeiras horas do dia,
circundam de magia...
Regressar...
Poder de novo respirar,
(oh!...minha terra!...)
aquele odor escaldante
que o humus vivificante
do teu solo encerra!
Embriagar
uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem,
com o tom da tua paisagem,
que o sol,
a dardejar calor,
transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas,
nem o ar monotono, igual,
do casario plano...
Hei-de ver outra vez as casuarinas
a debruar o oceano...
Não mais o agitar fremente
de uma cidade em convulsão...
não mais esta visão,
nem o crepitar mordente
destes ruidos...
os meus sentidos
anseiam pela paz das noites tropicais
em que o ar parece mudo,
e o silêncio envolve tudo

Sede...Tenho sede dos crepusculos africanos,
todos os dias iguais, e sempre belos,
de tons quasi irreais...
Saudade...Tenho saudade
do horizonte sem barreiras...,
das calemas traiçoeiras,
das cheias alucinadas...
Saudade das batucadas
que eu nunca via
mas pressentia
em cada hora,
soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar,
tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer
hei-de esquecer
toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana,
a prometer o mundo
a quem regressa...
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acacias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!...

Alda Lara
(poetisa angolana, sobrinha de uma tia minha, que viveu exilada do seu país. Eu hoje também me sinto exilada do meu Portugal em que cresci)

AFINAL O MEU REGRESSO FOI MAIS RÁPIDO DO QUE EU PENSAVA, FELIZMENTE

O Homem põe e Deus dispõe. E desta vez dispôs a meu favor. Deixou-me voltar a este cantinho com grande rapidez e ainda me armou com duas canadianas (em alumínio e plástico, para não haver confusões) para eu zurzir numa série de cabeças no ar (não disse dedos na testa, mas apetecia-me) que andam por aí a fazer de nós parvos. O recolhimento a que estive sujeita fez-me realmente reflectir. Por isso agora aturem-me...
Uma palavra de muita amizade a todos quantos se interessaram por mim, ou melhor pela minha zona coxo-femural, e de muitas formas me demonstraram a sua amizade e carinho. Bem Hajam . Para vos agradecer vou postar acima uma belíssima poesia de Alda Lara que é um hino ao Regresso. Entendam-na da forma que quiserem. Eu, pessoalmente, acho-a espantosa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A QUEM ESPERA QUE EU VOLTE... EM FORMA

terça-feira, 7 de julho de 2009

ESTE BLOG VAI PARA FÉRIAS...

... porque tal como a classe política estarei a reflectir e a preparar o meu futuro. Não digo quando voltarei para não vos manter em suspenso e porque, tal como os políticos, poderei falhar as previsões. Entretanto sejam felizes e BOAS FÉRIAS para todos.

PRECE

sexta-feira, 3 de julho de 2009

GRANDE VOZ PARA UM GRANDE POEMA DE GEDEÃO

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ABAIXO DE NÍVEL

Já não tínhamos dúvidas que este governo estava de cabeça perdida depois das eleições da abstenção. Isto apesar das tentativas de actuação com base na humildade do seu chefe. Mas todos sentíamos que o verniz ia estalar. E estalou. Em pleno Parlamento e transmitido em directo por tudo quanto era canal televisivo. E foi logo na cabeça do Ministro da Economia. O gesto foi tudo e ainda por cima dirigido logo à esquerda. Eu só acredito porque vi, tal como assisti à "modéstia" do pedido de desculpas do nosso Primeiro. Grande actor ele me saiu!!! Tem bom professor!!! E pronto, como a Economia e as Finanças já estavam no caos agora com a junção das duas pastas num homem só, que ainda por cima tem a fama de pior Ministro das Finanças da Europa, vai ser bonito... Espero que o ordenado do que saiu não reverta a favor do que ficou, mas neste país nunca se sabe.
Melodramática a declamação de alguns versos desencontrados do Mostrengo pelo novo Ministro ambivalente para justificar a aceitação do cargo por dever... Esperemos pelos próximos capítulos!!!

SOPHIA - 4 ANOS DE SAUDADE

O poema

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
( Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas )
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo

Livro Sexto


SOPHIA DE MELLO BREYNER