terça-feira, 27 de abril de 2010

BUSCA

Procurei-te
No dobrar de cada esquina
E em cada vulto que por mim passou

Adivinhei-te
No olhar puro das crianças
E no sol de verão que sobre mim brilhou

Encontrei-te
Nesta ternura infinita
Que entre nós surgiu e nos atou

SS

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domingo, 25 de abril de 2010

CRAVOS DE ABRIL

Enquanto tomava o pequeno almoço entretive-me a ver a transmissão da chegada das altas dignidades deste país à Assembleia da República. Para além da alta cilindrada dos carros que as transportavam (pormenor a que o país já está habituado e anda a engolir) um outro me chamou a atenção: a grande maioria dos que iam chegando faziam-no sem ostentar o tradicional cravo vermelho símbolo da Revolução de Abril. Entre outros cito Cavaco Silva, o nosso primeiro, o Costa da Câmara de Lisboa, o Presidente da Assembleia da República, muitos representantes dos partidos, antigos e actuais ministros, deputados e convidados… Fiquei estupefacta! Onde estava o espírito da revolução? Questionei-me se a ausência de cravos seria uma mostra de vergonha ou insegurança ou se um sinal que, no local do poder deste país, se anda realmente a poupar no supérfluo, como está estabelecido no PEC. E pensei na crise que as floristas de Lisboa estariam a viver…
Contudo a transição da imagem para o interior da Assembleia revelou-me que algumas dessas pessoas, não todas porque havia notáveis excepções, já ostentavam a dita flor na lapela. Eis senão quando vejo num dos lugares de passagem obrigatória uma grande montra de cravos de onde, os que o desejavam, se serviam de um exemplar que logo punham ao peito. E compreendi então que quem pagou os cravos que ali se viam também fomos nós pois do nosso bolso saem os impostos que pagam os grandes e pequenos luxos deste país até mesmo quando estes são os cravos de uma revolução mais que moribunda.

Só faltou que em cada uma das flores tivessem posto um fitinha com os dizeres “in memoriam” para toda aquela encenação sugerir um funeral.

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sexta-feira, 23 de abril de 2010

NESTE DIA DO LIVRO PARA TODOS QUE VIERAM VOAR NESTE BLOG

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

FERNANDO PESSOA

quinta-feira, 22 de abril de 2010

HORA DE VOLTAR

Espero ver-te voltar
Um dia ao final da tarde.

Quando a luz do sol
Bate sobre mar
E me encadeia
Enrolam-se em mim
Sombras estranhas
Que sugerem faunos
Em que o humano e o bestial se confundem.
É a hora em que acredito em mitos
Lendas e outras histórias
E em que me sinto deusa sem ter deus
E o mar é o meu panteão
É quando sou Penélope sem Ulisses
E a tua memória é o meu tear

Por isso de todas as horas
Essa é a melhor para voltar


GM

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ESPANTO AINDA POR CAUSA DA NUVEM VULCÂNICA

A esta hora da manhã de hoje a Europa "promete" voltar à normalidade no que diz respeito à regularização dos voos continentais. Só que ainda há muitro atraso, muito cancelamento, muita gente acampada nos aeroportos. A mãe Natureza pregou uma partida valente aos homens reduzindo-os à sua pequenez original. Discutem-se soluções para evitar (é o evitas!) ou contornar este problema no que diz respeito aos transportes. E realmente é necessário. Se em vez de estar a regressar de Luanda a minha filha estivesse presa no Norte da Europa ou na Ásia eu já estaria aos saltos e em pânico. Revalorizam-se neste momento os transportes não aéreos. Aqui reside o meu interrogativo espanto:

Como é que é o nosso PM ainda não montou uma mega Conferência de Imprensa para apregoar a necessidade urgente do TGV, transporte tão da sua paixão e da nossa contestação?

Que o andará a distrair para perder esta oportunidade de sair em sua defesa? O PEC ou o Orçamento?

terça-feira, 20 de abril de 2010

LETRA PARA UM FADO OU ENTÃO QUADRAS PERDIDAS


Não sei se é medo ou vergonha
Que calam tudo que sentes
Mas o certo é que o silêncio
Faz-me pensar que tu mentes

Vergonha não deves ter
Do que sente o coração
E se dizes qu’é por medo
Não vejo nisso razão

Por cada dia que passas
Nessa profunda mudez
O meu coração arrefece
Podes perdê-lo de vez

Se me amas diz agora
Não deixes o tempo passar
Pois os minutos perdidos
Não se voltam a encontrar

GM

segunda-feira, 19 de abril de 2010

JARDIM À BEIRA MAR PLANTADO OU O CASO DA NUVEM VULCÂNICA

Portugal deve aquilo que nos serve de estandarte, as Descobertas, entre outras factores à sua abertura ao mar. Salientamo-nos do resto da Europa pela nossa projecção para ocidente deste continente e dele somos a ponta mais avançada (geograficamente falando). Apesar de tudo isto vivemos actualmente num cai não cai dentro do euro que nos empurra para a cauda da moeda.
Esta semana, contudo, num registo histórico diferente, aparecemos, perante o mundo, como a única plataforma possível de se entrar no velho continente, ou seja ressurgimos com o valor acrescentado. A “nuvem passageira” que se instalou de guarda-chuva por toda a Europa e que fechou o seu espaço aéreo, estabelecendo o caos em muitas partes do mundo, nem sequer se aproximou de nós e tornou este nosso espaço apetecível para quem necessitava de regressar a casa e/ou de trabalhar. Algo nos protegeu. Não sei se por causa da posição geográfica, se do velho anticiclone, se de mais um milagre de Fátima, talvez antecedendo a vinda do papa, fomos içados às alturas do nosso glorioso séc. XV e por momentos voltamos a ser o centro do mundo.
Foi lindo de se ver! Voltamos à glória do passado.

P.S. Agora só me falta ver o nosso PM a declarar na TV, no seu jeito “humilde”, que o governo estava previamente preparado para todas estes problemas e que a sua resolução já estava prevista no Orçamento e no PEC

domingo, 18 de abril de 2010

DIAS QUE PASSAM

Neste infinito fim que nos alcançou
Guardo uma lágrima vinda do fundo
Guardo um sorriso virado para o mundo
Guardo um sonho que nunca chegou

Na minha casa de paredes caídas
Penduro espelhos cor de prata
Guardo reflexos do canto que mata
Guardo uma arca de rimas perdidas

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci
No mundo onde tudo parece estar certo

Guardo os defeitos que me atam ao chão
Guardo muralhas feitas de cartão
Guardo um olhar que parecia tão perto
Para o país do esquecer o nunca nascido

Levo a espada e a armadura de ferro
Levo o escudo e o cavalo negro
Levo-te a ti
Levo-te a ti para sempre comigo
Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que senti
Falo ao mar do que nunca perdi


(Publicado por Toranja)


Boa semana a todas.

Jorge Antunes

EU CREIO

Eu creio

Nos anjos
No eterno de um segundo
No incrível do tempo
Nos amigos com palavras doces


MC

sábado, 17 de abril de 2010

GUARDIÃES DO MITO

Somos guardiães do mito.
A busca pretensamente utópica de um outro eu
Que ambos acreditávamos existir
Juntou-nos na dimensão de um quotidiano
Que se desenrolou fora do tempo e do espaço
E fez de nós personagens de uma história
Que se sustenta pela crença
De que mesmo antes de nos conhecermos

Já nos desejávamos

SS

CREIO NOS ANJOS

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Natália Correia

Via Jorge Antunes para as gaivotas agradecidas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O TEMPO DE AUSÊNCIA

Dia a dia marquei no calendário
O tempo da ausência.

Enchi os meus dias
de passeios pela praia
para acompanhar o voo das gaivotas
e sonhar que podia ir com elas
levar-te os meus sonhos e desejos
do tempo de regresso.


Misturei os meus papéis de trabalho
com as palavras do Aznavour
e às vezes do Sinatra
para não sentir os dias que passavam
sem voltares.


Mudei três vezes
as rosas vermelhas
da minha jarra
e tu não chegaste a vê-las.


Agora vou colorir o resto dos dias
com a cor da esperança
para que este novo tempo que falta
seja um tempo breve
e que as gaivotas me devolvam
os meus sonhos e os desejos
do tempo de regresso.


GM

quinta-feira, 15 de abril de 2010

HOJE...

Hoje
Deixa-me deitar a cabeça no travesseiro
Não no teu ombro
Como de costume.
Quero que esta noite seja diferente.

Quando estou no teu ombro
Não tenho saudades tuas
Não sinto a falta do teu cheiro
Ou do toque da tua pele

Nem sequer te vejo
Porque estou em ti.

Hoje
Para que a noite seja diferente
Deitarei a cabeça no travesseiro
Olharei longamente para ti
E não te vou amar

Apenas ver-te dormir…

SS

quarta-feira, 14 de abril de 2010

SE ME QUERES

Se me queres
Ajuda-me a descobrir o mistério do azul do céu
Para que eu possa entender os seus caminhos
E seja capaz de voar.

Se me queres
Ajuda-me a descobrir os segredos do mar
Para que eu possa entender o mito das sereias
E seja capaz de acreditar

Se me queres
Ajuda-me a descobrir porque a relva é verde
Para que eu possa entender os dons da natureza
E seja capaz de me explicar


Se me queres
Ajuda-me a descobrir a extensão do universo
Para que eu possa entender no imensurável
A minha capacidade de te amar


SS

VIAGENS

Irrompem poentes
Em meus silêncios
As cores são viagens
Que se cruzam
E me lembRam
Minhas partidas
E chegadas

MC

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terça-feira, 13 de abril de 2010

Gosto muito de palavras
De jogar com elas,
De as abraçar
De as oferecer…
Para mim é fácil:
É só falar
Ou escrever.
Por isso falo muito
Mas também escrevo.
É o meu modo de ser
De dizer que estou aqui
E que gosto de viver.

Há quem goste delas
Mas em silêncio:
É capaz de as pensar
Mas foge de as pronunciar.
Quando elas lhe ardem lá dentro
E sente ter de as soltar
Para evitar de falar
Reúne-as num texto breve,
Arruma-as com muito amor,
Depois escolhe os momentos
E oferece-as de presente
Como frasco de perfume
Com cheirinho a sentimentos

GM

segunda-feira, 12 de abril de 2010

TEMPO VERSUS CONHECIMENTO

O tempo não acrescenta graus a um conhecimento
Apenas assiste,
Como espectador,
Ao seu desenrolar.
Se ele vai enfraquecendo,
Sopra-lhe e espalha o que resta
Nalgum poente.
Se ele cresce,
Dá-lhe a mão
Guarda-o no coração
(a memória é o coração do tempo)
e torna-o permanente.

GM

domingo, 11 de abril de 2010

OS TEUS BRAÇOS

Os teus braços são longos
Muito longos.


Quando me acolhem
Tecem um ninho feito de ternura
De que não posso escapar
Porque o constróis à minha dimensão.
Neles adormeço

Embalada pela tua voz
Que me traz sons de rio e de mar
E pelo cheiro do teu corpo

Que me evoca essências
De pinhais galaicos
Ou de florestas africanas.

Os teus braços são longos
Muito longos...


Um espaço de paz
Onde posso descansar.


GM

sábado, 10 de abril de 2010

SERÁ QUE É DESTA QUE VAMOS VER UNIDADE E SENTIR UNIDADE NO PSD?


Do que vi e ouvi, concluí
Que o Congresso correu em paz
Que todos deram as mãos
Que o novo Presidente se preparou bem para o cargo e que se mostrou confiante e transmitiu uma grande serenidade.

Esperemos que o Partido se reencontre finalmente.

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sexta-feira, 9 de abril de 2010

TESOS SIM, MAS CONSERVEMOS A DIGNIDADE E O PUDOR CÍVICO

Portugal foi quase sempre um país “teso”. E de todas as vezes que foi rico não soube gerir o dinheiro esbanjando-o e esgotando as suas fontes de rendimento. Em várias dessas ocasiões, para tentarem remediar a situação, alguns dos nossos reis decretaram umas leis denominadas Pragmáticas e em que se restringia à nobreza, à família real e ao culto religioso o uso de sinais exteriores de riqueza tais como tecidos e metais preciosos para além de jóias. O povo tinha que ser posto no seu lugar e não pensar em luxos porque só os maiores as eles tinham direito. Que se amanhasse que já por isso era povo e como tal o seu único dever era trabalhar. Esta explicação que aqui apresento sobre as ditas leis é muito ligeira mas achei necessário falar nela para que se possa melhor entender o objectivo das minhas palavras.
Acabo de ler na revista Sábado desta semana o artigo “Gestores com salários de milhões”. Bem escrito, bem fundamentado e suficientemente bem explícito do momento que estamos a viver. Depois de se falar em especial de alguns dos gestores coroados deste país, surge um gráfico claríssimo que nos revela para além do valor do salários e bónus desses senhores (não adjectivo porque não sei como qualificar a seguir a bilionário: será trilionário, quadrilionário e assim sucessivamente?) a quanto e a quê eles podem ser equivalentes. Fiquei assim a saber, e cito uns poucos como exemplo, que com o de António Mexia da EDP se poderiam fazer 18 viagens ao espaço no valor unitário de 168.000€ ou pagar o ordenado médio a 112 funcionários da Companhia durante um ano, o de Zeinal Bava da PT chegava para 4 escolas do pré-escolar que custassem cada uma 493.155€, o de Ana Maria Fernandes, da Edp Renováveis, pagaria um fracção de 0,022 de hospitais no valor 100.000.000€, o de Granadeiro também da PT dava para 0,048% do estádio D. Afonso Henriques, o de Manuel Ferreira de Oliveira da Galp permitiria pagar 1,06 esquadras se elas custassem 34.200.000€. A lista é longa e não vou aqui repisá-la. Citei estes mas se quiserem saber mais é só comprarem a Sábado, pedirem-na emprestada ou lerem-na na Biblioteca local. Vale a pena para que possam compreender toda a imoralidade da actuação deste governo: não aumenta pensões, não quer aumentar ordenados, espanta o funcionalismo público e permite a escandaleira do aumento dos gestores, por sinal também funcionários públicos na medida em que ganham os ditos milhões em empresas públicas. Por isso expliquei o que eram as Pragmáticas, para todos verem que os nossos governantes actuais estão a tomar medidas semelhantes favorecendo uns senhores seus protegidos numa atitude semelhante à dos reis relativamente à nobreza no Antigo Regime. E não contentes, estes grandes príncipes da gestão nacional, alguns dos quais envolvidos em processos de corrupção, perante a informação do possível congelamento dos seus tostões, logo reagiram ameaçando o estado com queixas no tribunal porquanto, pelos acordos feitos no acto da sua contratação, têm direito a todos os bónus prometidos desde que tenham atingido os objectivos que lhes foram determinados. Aqui vem o ridículo da situação. Presume-se que os objectivos de um gestor é através de uma gestão correcta aumentar os lucros da empresa . Ora vejamos 2 exemplos para vermos como alguns os aumentaram:
Fernando Pinto (TAP) – a dívida da companhia diminuiu ( não despareceu). Milagre do gestor? Não. Foi o preço do combustível que baixou.
António Mexia (EDP) – O prémio recebido pelo seu trabalho foi devido aos grandes lucros que a empresa teve no ano passado. Por acaso lembram-se quanto pagámos todos a mais pela conta da luz?
Com estes factores de apoio qualquer dona de casa habilitada faria o mesmo em circunstâncias semelhantes. É uma questão de bom senso.
Se estes senhores fossem gestores de empresas privadas, a minha boca não se abriria. Só que embora não o sejam de carreira são, e repito, tão funcionários públicos como todos quantos têm o mesmo patrão – o Estado. Os de carreira, embora cumpram os seus objectivos, nada recebem em troca e, pelo contrário, vivem continuamente receosos do fim dos seus empregos, enquanto os outros, os arrivistas, continuam a actuar não no sentido dos nossos interesses mas dos próprios. Tal como os reis eram muitas vezes reféns da nobreza, os nossos governantes nas empresas privadas agem como se fossem reféns de quem as gere. Como ex-funcionária pública, ex porque na aposentação, mas sobretudo como portuguesa a protecção pragmática mete-me nojo. Esta acção do governo é uma cobra que o há-de matar. Pena que nós venhamos a ser as principais vítimas. Lastimável toda a desonestidade e falta de pudor cívico desses reizinhos de trazer por casa tão idolatrados, procurados e melhor remunerados.
Maior pena que o governo pactue com isto!!!


Mas cada um sabe de si e Deus de todos. Só que quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão que neste caso somos NÓS.

SILOGISMO (2)

O que os gestores públicos ganham é um escândalo
O governo permite isso


Logo o governo é um escândalo

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

VOU LEVAR UM RECADO A LISBOA

Lisboa, querida mãezinha
Com o teu xaile traçado
Recebe esta carta minha
Que te leva o meu recado

Que Deus te ajude Lisboa
A cumprir esta mensagem
De um português que está longe
E que anda sempre em viagem

Vai dizer adeus à Graça
Que é tão bela, que é tão boa
Vai por mim beijar a Estrela
E abraçar a Madragoa

E mesmo que esteja frio
E os barcos fiquem no rio
Parados sem navegar
Passa por mim no Rossio
E leva-lhe o meu olhar

Se for noite de São João
Lá pelas ruas de Alfama
Acendo o meu coração
No fogo da tua chama

Depois levo pela cidade
Num vaso de manjericos
Para matar a saudade
Desta saudade em que fico

Vai dizer adeus à Graça
Que é tão bela, que é tão boa
Vai por mim beijar a Estrela
E abraçar a Madragoa

E mesmo que esteja frio
E os barcos fiquem no rio
Parados sem navegar
Passa por mim no Rossio
E leva-lhe o meu olhar

Francisco José

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SILOGISMO DO DIA (1)

Mentir é uma característica de todo o ser humano

Sócrates é um ser humano

Logo, Sócrates mente

terça-feira, 6 de abril de 2010

UMA BOA SUGESTÃO DE POESIA, OBRIGADA

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas os cabelos
e como a tua boca sorri,
ágil como a água da fonte
sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei,
nem donde vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra,
eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi,
que o leiam aqui
e retrocedam hoje
porque é cedo para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor,
uma folha que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A CABALA DO COSTUME

Porque me lembro dos milhares de postos de trabalho prometidos, do caso do aterro da Beira, do aeroporto da Ota/Alcochete, da Quimonda, do Magalhães and so on ... on … on ... no texto do Público sobre as sanções da autarquia da Guarda ao então ainda só engenheiro técnico José Sócrates ressalto dois pontos:
a capacidade de se propor fazer e não faz ou faz mal:
"falta de fiscalização das obras de que é autor dos projectos devendo fiscalizá-las rigorosamente" sem nunca se justificar;


e o seu propósito visionário quando quer mostrar trabalho:
Por outro lado, as plantas apresentadas e assinadas pelo projectista não indicavam sequer o local da obra a construir”:

Perante situações como esta, José Sócrates e todo o governo se insurgem declarando serem mais uma cabala.
Percebo pouco de cabalística e por tanto ouvir a palavra Cabala nestas situações começava a achar que significava “aldrabice” ou “mentira”. Por isso fui procurar explicações na Net . E então aprendi que


Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala) é uma sabedoria que investiga a natureza divina. Kabbalah (קבלה QBLH) é uma palavra de origem hebraica que significa recepção. A Kabbalah — corpo de sabedoria espiritual mais antigo — contém as chaves, que permaneceram ocultas durante um longo tempo, para os segredos do universo, bem como as chaves para os mistérios do coração e da alma humana. Os ensinamentos cabalísticos explicam as complexidades do universo material e imaterial, bem como a natureza física e metafísica de toda a humanidade. A Kabbalah mostra em detalhes como navegar por este vasto campo, a fim de eliminar toda forma de caos, dor e sofrimento(in Wikipédia).

Realmente isto era o que pensava que seria a doutrina da cabala. E faz sentido enquanto doutrina esotérica. Mas depressa percebi que o Senhor Engenheiro, que tanto se autoflagela com a dita palavra, utiliza-a com frequência porque ela vem ao encontro do seu incomensurável desejo de grandeza que normalmente exprime pela arrogância. Segundo o mesmo texto:

“Durante milhares de anos, os grandes sábios cabalistas têm-nos ensinado que cada ser humano nasce com o potencial para ser grande. A Kabbalah é o meio para activar este potencial”

Brincando com os velhos silogismos da filosofia

Cabala potencia a grandeza
Sócrates tem cabalas
Logo Sócrates potencialmente é o Maior

Venham pois mais Cabalas!!! Falta só explicar em que ele é o maior...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

CRIADOR


Em nome daquele que a Si mesmo se criou!
De toda eternidade em ofício criador;
Em nome daquele que toda a fé formou,
Confiança, actividade, amor, vigor;
Em nome daquele que, tantas vezes nomeado,
Ficou sempre em essência imperscrutado:

Até onde o ouvido e o olhar alcançam,
A Ele se assemelha tudo o que conheces,
E ao mais alto e ardente voo do teu 'spírito
Já basta esta parábola, esta imagem;
Sentes-te atraído, arrastado alegremente,
E, onde quer que vás, tudo se enfeita em flor;
Já nada contas, nem calculas já o tempo,
E cada passo teu é já imensidade.

*

Que Deus seria esse então que só de fora impelisse,
E o mundo preso ao dedo em volta conduzisse!
Que Ele, dentro do mundo, faça o mundo mover-se,
Manter Natureza em Si, e em Natureza manter-Se,
De modo que ao que nele viva e teça e exista
A Sua força e o Seu génio assista.

*

Dentro de nós há também um Universo;
Daqui nasceu nos povos o louvável costume
De cada qual chamar Deus, mesmo o seu Deus,
A tudo aquilo que ele de melhor em si conhece,
Deixar à Sua guarda céu e terra.
Ter-Lhe temor, e talvez mesmo — amor.

Johann Wolfgang von Goethe, in "Últimos Poemas do Amor, de Deus e do Mundo"
Tradução de Paulo Quintela

quinta-feira, 1 de abril de 2010

SONETO PELA PAZ

Às lindas Gaivotas do bando desejo uma Feliz Páscoa.

Jorge Antunes


Soneto pela Paz

O lírico som do amor me trás...
Lúdico tom e cor de paz
Refaz a sutileza do meigo olhar
Para que seja capaz de amar.
O sádico preso à dor jamais conhecerá o amor
A dor só o faz sofrer
O mágico mundo perdido em nós
Libido compreendido em “ÒS”.

Voz que é percebida com todo o poder
O místico soneto na resenha de uma flor
Desenha decompor o pretexto para a dor.

E o amor que resiste nos braços fraternos
Entrelaça-se no texto pelo sentimento de paz
Num gesto digno do maior valor... O amor.


César Moura