EMBALADAS PELAS ÁGUAS DO RIO E ILUMINADAS PELAS NOITES DE LUAR, CHEGARAM AS ...
Este é o caderno de uma gaivota que conta histórias, diz poemas e fala de coisas da terra onde nasceu, cresceu e paira diariamente a espreitar os homens que nela habitam. É uma terra de sol, vento norte que arrefece as tardes de verão, mas também de vento sul ou sudoeste que traz tristeza e lágrimas... Eu sou essa gaivota que às vezes parte para outras terras em direcção ao desconhecido. Acompanhem-me através das minhas palavras, das minhas músicas e das fotos que tirei durante os meus voos...
Por favor, não me analise
Neste dia de Santa Ana e S. Joaquim, escolhido para ser o DIA DOS AVÓS, não posso deixar de dirigir uma saudação aos meus colegas de "Grémio" com umas frases alusivas à nossa situação:
A brisa
Em Outubro de 1961 cheguei a Coimbra pronta a passar ali uns 5 anos da minha vida para fazer a licenciatura em Filosofia (esqueçam este pormenor porque a Filosofia foi um acontecimento esporádico da minha vida). Coimbra era um sonho para toda a menina da minha geração que abandonava o liceu: rapazes galantes, pais longe=liberdade total, latadas, queimas e serenatas, muitas serenatas... A minha chegada a Coimbra foi um sonho feito realidade. Contudo depressa o sonho se desfez: não simpatizei grandemente com o curso, estava num Lar e as freiras eram mais severas que os meus pais e descobri, porque o Lar era mesmo em frente à Pide, que havia uma certa instabilidade devida a rumores e depois factos, de que se vivia uma época revolucionária. Estou a falar da 1ª das crises académicas, a de 1962. Não vou aqui falar de tudo quanto aconteceu. Nunca mais acabaria. Tenho essa crise descrita tal como a vivi, nas cartas que escrevia ao namorado. Vou falar-vos apenas do que esperava e não aconteceu: não houve queima e quanto a serenatas... apenas assisti a uma que me deixou uma terrível impressão. Um grupo do Porto fundou uma espécie de República - o Solar dos aracnídeos. Depois de bem festejada a inauguração foram até ao Lar fazer uma serenata. Só que a bebedeira era tal que não deu para perceber muito bem o que aquilo era: uivos? gritos? gargalhadas? Foi um terrível pesadelo, que nem sonho foi. Graças a Deus, a minha paixão pelo Fado de Coimbra manteve-se intacta. Também não acabei o curso naquela cidade. Motivos pessoais graves, impediram-me de fazer todos os exames. No ano seguinte abriu a Faculdade de Letras no Porto e para lá fui reencaminhada. Foi o primeiro curso desta Faculdade. Foi uma época muito interessante! E assim garanti pelo menos uma serenata anual - a da Queima. Também havia então boas vozes no Porto.
Não sei se nasci, mas pelo menos tenho a consciência de que no mais fundo das minha memórias infantis, e são longas, esta música tocada por Glenn Miller tem lá um cantinho especial. Hoje temos uma noite com uma lua enorme, rosada, a adivinhar calor. Por isso quero partilhar com todos quantos me lêem a minha canção de culto. O original não tem autorização para ser postado. Vai uma interpretação menos intimista, mas também de boa qualidade.
Gosto de pasmar,
Alexandre P.
Eu não ouço as nuvens
AMOR É SÍNTESE
Sonho-te à pressa
Deixa ficar comigo a madrugada,
Outro nome tem o fado,
Naquele tempo falavas muito de perfeição,